3 de novembro de 2013
A ditadura
Cortei meu cabelo. Não, não foram "apenas as pontinhas"; cortei curtinho. A pergunta que a SOCIEDADE (lê-se todos à minha volta) me faz em alto e bom som é: POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? POR QUE CORTOU O CABELO?
Fato é que desde agosto deste ano cismei (se assim vocês preferirem dizer) que quero meu cabelo da forma que ele é, ou seja, cacheado. Mas há 05 anos eu uso química e chapinha no meu cabelo, então não é simplesmente lavar e deixar o cabelo secar como ele é. Trata-se de um processo. Um longo e árduo processo de "desintoxicação" do meu cabelo, para ele "aprender" a ser cacheado novamente. Isso quer dizer que eu tive que parar de escová-lo, tive que deixar a raiz dele ficar alta como ela é, e o mais difícil: tive que "cortar o mal pela raiz", ou seja, cortei o cabelo curtinho, como está na foto.
Não foi fácil, gente. Não tem sido fácil.
Todo esse processo tem demandado PACIÊNCIA e FOCO. Paciência porque o próprio nome já diz, é um processo, que demanda tempo, esforço e cuidado. Não é da noite para o dia, é aos poucos, é devagar. E o foco é imprescindível. Tem dias que eu acordo e penso: meu Deus, o que eu fiz? Que cabelo é esse? E dá vontade de desistir. Mas eu preciso me lembrar que esse é apenas um estado de transição para chegar no meu objetivo maior. Eu não posso desistir no meio do caminho, eu não posso parar e deixar tudo que já consegui. Preciso continuar no meu foco.
Eu vivo tentando convencer meus amigos, em tom de brincadeira, mas no fundo é a verdade, de que o conceito de beleza que eles têm na cabeça é imposto pela sociedade, sendo principalmente um conceito ocidental com influencia direta da indústria norte americana.
O que quero dizer é que minha escolha de deixar o cabelo natural não é porque eu quero ficar mais bonita, ou porque o cabelo cacheado está ou não na moda. Foi uma escolha por perceber nós a todo tempo nos submetemos ao que nos dizem por ai que é o certo e o mais bonito. Não quero parecer uma revolucionária sem causa, até porque dizem por ai que cabelo cacheado também está na moda.
O que quero que a gente tenha a consciência que nada do que escolhemos foge da influência/ditadura da sociedade. Gente, só da gente sentir vergonha de estar vestindo determinada roupa, de estar com o cabelo de determinada maneira demonstra que nós introjetamos padrões sociais de bonito e feio e que eles são muito fortes dentro de nós. Não estou falando para "virarmos tudo ao avesso", mas é muito importante que a gente realmente saiba não se deixar ser levado por tudo isso, não deixar que isso nos domine, afinal de contas:
"Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" I SAMUEL 15:7